domingo, 9 de agosto de 2009

O lugar da casa no espaço da cidade



Veja-se o que diz Goitia sobre o lugar da casa no espaço e compare-se com as construções nos espaços urbanos ou urbanizados do nosso Concelho, seja em Santa Cruz, Camacha, Santo, Gaula e na Cidade do Caniço.
De acordo com Goitia, “os elementos estruturais que constituem a cidade são: a casa, a rua, a praça, os edifícios públicos e os limites que a definem dentre da localização no espaço. De tal modo que, numa cidade, todos estes elementos devem obedecer a necessidades profundas da comunidade, a circunstâncias espirituais de toda a ordem, e a condições do meio físico, clima e paisagem. Todos estes elementos (casa, rua, praça, monumentos, limites) obedecem a uma concepção unitária, e assim, não pode existir uma rua muçulmana com casas góticas, nem uma catedral junto a uma ágora clássica, nem qualquer outra combinação de elementos heterogéneos. Cada estrutura urbana é essencialmente unitária. Diz Egli que a ideia fundamental de uma cidade está implícita na ideia da casa individual dessa cidade”.
Contudo, uma cidade não é “apenas um conjunto de casas, o que seria uma visão excessivamente simplista do fenómeno urbano. Existem casas no campo, dispersas ou em grupo, como as granjas e hortos, sem, no entanto, constituírem cidades. A cidade é outra coisa: uma determinada organização funcional que se cristaliza em estruturas materiais. Mas isto não exclui que um dos elementos determinantes dessas cristalização seja a casa, em relacionamento com os outros factores determinantes.
A fórmula da cidade muçulmana é a organização de dentro para fora (da casa para a rua, por assim dizer), quando na cidade ocidental o que se generalizou foi o contrário: a partir da rua previamente traçada, com ou sem plano, as casas foram ocupando o seu lugar e conformando-se com a lei distributiva”. (Cf. Goitia e a sua história do urbanismo, pp. 114/5).

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